top of page

No Segundo Céu, o de MERCÚRIO onde aparecem envoltos em viva luz OS ESPÍRITOS DOS AMBICIOSOS. Aqui está o imperador romano Justiniano que faz um longo relato do seu tempo desde a origem do Império que ele assumiu ( em 527 d.C. ) sob o signo da Águia Romana, que agora é também Ave de Deus. Conta que o Santo Agapito , que foi também papa , o endereçou para a ortodoxia cristã, e como se desfez da lida das armas, entregando-a ao seu capaz general Belisário, e dedicando-se à política e ao aprimoramento da leis. Fez um longo relato das glórias de Roma, sempre simbolizada pela águia. No final do relato das glórias de César, personificadas nas Águias Romana e Cristã, ele exalta igualmente os seus segundo e terceiro sucessores : Tibério, como partícipe  da glória da Paixão de Cristo, ocorrida sob seu reinado, e Tito, que em seguida se encarregou da destruição de Jerusalém. Justiniano fala ainda da sua posição na hierarquia celeste, explicando que no Céu de Mercúrio, onde ele se encontra, estão os espíritos dos ambiciosos, que têm agido em favor do bem, mas sempre com vistas à fama e às honrarias. E passa a criticar tanto a posição dos guelfos, que, aliando-se a Carlos de Anjou, apoiam a monarquia francesa simbolizada pelo lírio amarelo, quanto a dos gibelinos, que fazem do signo da águia, indevidamente, um símbolo do seu partido. Conta, enfim o caso de Romeu de Provença, que também está em Mercúrio e que, por ter servido e ajudado ao máximo o seu senhor foi , por insídia de invejosos, levado à pobreza e ao exílio. Justiniano se afasta, cantando com seu coro um hino de louvor a Deus. A dúvida agora de Dante é sobre o sacrifício de Cristo, ou seja, a razão que levou Deus a escolher esse modo de redimir a humanidade do pecado original, que a deixara durante séculos impedida de se elevar ao Paraíso e sem possibilidade de por si só reparar a sua culpa, tendo em conta a gravidade da falta. Restavam a Deus dois modos para tal : ou a misericórdia ou a justiça; e Ele usou os dois, fazendo o seu próprio Filho assumir a forma humana e sofrer o castigo na cruz. E em seguida à sua outra dúvida: de como a água, o fogo e a terra , que são criações de deus, estejam sujeitos à corrupção, ela explica que só as matérias que eles contém, e não os resultados finais, são incorruptíveis, por terem sido criadas junto com os anjos. E assim pode ser estendida a ressurreição dos corpos no Juízo Final, por sua carne ter sido criada imortal, ao mesmo tempo da criação de Adão e Eva.

Envoltos em viva luz, os espíritos dos ambiciosos.

bottom of page